Elul 26
- Andrea Kulikovsky
- 26 de set. de 2019
- 2 min de leitura
Fui a primeira vez à mikve logo antes do meu casamento. Não tive muita
ajuda nem guia, mas fui. Desde então fui algumas vezes e, já há alguns
anos passei a ir antes de Rosh Hashaná e Iom Kipur. Não vou porque a
halachá manda, mas vou porque não há nada que me dê maior sensação
de recomeço do que mergulhar nas águas mornas da mikve.
Na minha lista de projetos para o meu caminho judaico está a renovação
da relação da mulher judia liberal com a mikve. Um lugar que
tradicionalmente pode ser visto como o local de purificação ritual e, de
certa forma, uma submissão ao mundo do patriarcado, pode ser
resingnificado como o local em que eu me encontro comigo mesma e me
dou a possibilidade de recomeçar.
Somos geradas na água, nascemos dela, dela nos alimentamos e ela é
nosso maior componente. Somos ligadas ao mergulho no mar como fonte
de energia; pulamos ondas para celebrar o ano novo civil; nada dá maior
sensação de renovação do que um bom banho de cachoeira. Na mikve
voltamos ao útero e começamos tudo novamente.
Há dois anos comecei a ir à mikve antes de Rosh Hashaná com uma grande
amiga. Ela passava por um momento difícil, e achei que ela poderia
usufruir da sensação de um recomeço. Desde então, passou a ser nosso
ritual de ano novo: nos conectamos uma com a outra e cada uma consigo
mesma.
Hoje foi o dia. Mergulhei nas águas da mikve e dei início ao meu Rosh
Hashaná. Eu estava preparada, afinal, venho preparando minha neshamá
há 26 dias. Pensei no meu ano, pensei em mim mesma. Pensei nas
certezas e incertezas, foquei em meus desejos, rezei e mergulhei.
Agora, com meu olhar da alma, consigo me ver mergulhada na água,
recomeçando, reconectando e reenergizando.
Estou renovada para mais um ano de inúmeras possibilidades.
Hineni.
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